domingo, 15 de maio de 2011

Impactos do Projeto Porto Maravilha


www.youtube.com/watch?v=P5FVL9vfWm8

Porto Maravilha: gasômetro do Rio pode virar área residencial

10/08 às 23h09 O Globo RIO - A prefeitura planeja transformar parte do espaço ocupado há quase cem anos pelo gasômetro de São Cristóvão em um bairro com residências e comércio, dentro do projeto Porto Maravilha, de revitalização da região, como mostra reportagem de Luiz Ernesto Magalhães, na edição do GLOBO desta quarta-feira. A área será comprada pelo município da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e revendida para a iniciativa privada construir os imóveis, como parte das operações da Companhia Municipal de Desenvolvimento Urbano do Porto (Cdurp).
A informação foi dada, na terça-feira, pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Felipe Góes, durante a cerimônia de assinatura do protocolo de intenções para a implantação do Parque Tecnológico Barão de Mauá, em um imóvel desocupado da CEG na Avenida Presidente Vargas. A ideia é criar no local, até 2012, um pólo de produção de soluções de Tecnologia de Informação (TI) para as áreas de petróleo e gás. O projeto é desenvolvido em parceria com a PUC, o Instituto Brasileiro de Petróleo e a Microsoft.
Goes explicou que as negociações para compra do terreno, hoje ocupado em parte pela CEG, devem começar em dezembro, após a prefeitura concluir a compra de dois terrenos da Rede Ferroviária Federal, eleitos como pilotos para o projeto de revitalização.
A área do gasômetro mede 115 mil metros quadrados mas está sendo subutilizada desde que a CEG concluiu, em 2007, a conversão dos imóveis do Rio de gás manufaturado para gás natural. Hoje, apenas um tanque é mantido inflado, como referência à história da região.
Leia a íntegra desta reportagem na edição de O Globo digital (disponível somente para assinantes)
Leia mais:Instalações do TJ começam a funcionar no porto até janeiro Projeto Porto Maravilha deve receber investimento de R$ 3,5 bi do FGTS Porto Maravilha: Rodrigues Alves vai se tornar via expressa
http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/rio/mat/2010/08/10/porto-maravilha-gasometro-do-rio-pode-virar-area-residencial-917368223.asp 
 
SITUAÇÃO ATUAL
A região portuária da cidade do Rio de Janeiro encontra-se em estado de grande degradação, com abandono de prédios e ruas e com espaços públicos praticamente sem uso pela população e pelos turistas. A exemplo do que acontece em regiões portuárias de outras cidades do mundo, a revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro apresenta um grande potencial econômico, turístico e social para a região.

DESCRIÇÃO
O programa consiste na implantação de obras de infraestrutura e articulação com a iniciativa privada e governos estadual e federal de forma a promover uma completa revitalização (econômica, social, ambiental e cultural) da região portuária do Rio de Janeiro (bairros da Saúde, Gamboa, Santo Cristo e parte dos bairros do Caju, São Cristóvão e Centro) criando espaços de arte, cultura, entretenimento, educação e habitação.

RESULTADOS ESPERADOS
Revitalização da área com a melhoria na condição de vida local, consequente atração de novos moradores e empresas para a região, além da restauração do patrimônio histórico e cultural e incremento do turismo na região.

META
Concluir, até o final de 2012, a fase 1 do projeto Porto Maravilha (inclui a abertura da Pinacoteca, a reforma do Píer Mauá, a recuperação de armazéns nas docas, a revitalização
do bairro da Saúde, a garagem subterrânea da Praça Mauá e a construção de um novo acesso viário ao porto).

Neste contexto podemos observar como exemplo uma área que encontrava-se esquecida e desvalorizada que agora torna-se supervalorizada. No qual a especulação imoboliária volta a crescer diante deste novo cenário.

Texto - SASSEN, "As Cidades na Economia Mundial"

Saskia Sassen (1949, Haia, Países Baixos) é uma socióloga holandesa, conhecida porsuas análises nos fenômenos de globalização e de migração urbana, e por ter cunhado o termo cidade global. É atualmente professora na Universidade de Chicago.
O procedimento de rotular ou não uma cidade de “global” a partir da demandasem dar maior atenção às dinâmicas intra-urbanas da produção do espaço – ganhou força quando a universidade o legitimou, em especial com a publicação, no início dos anos 90, da pesquisa de Saskia Sassen, “A cidade-global” (1996). Extremamente difundida no meios acadêmicos, a tese de Sassen analisa três grandes metrópoles no mundo, Nova-York, Londres e Tóquio, mostrando as mudanças que sofreram para adaptar-se às novas dinâmicas da economia globalizada. A partir delas, Sassen e muitos outros autores se propuseram a detalhar o que seria a “cidade-global” padrão, e quais suas diferentes hierarquizações.
De forma muito resumida, essas teorias pretendem que as novas dinâmicas econômicas, de flexibilização e desregulação da economia, de aumento dos fluxos de capital e do papel do capital financeiro, de fortalecimento da economia de serviços por sobre a economia industrial do pós-guerra, estariam provocando a necessidade das cidades responderem a uma nova demanda significativa por edifícios capazes de atender às exigências de um novo e moderno setor econômico, que Sassen chamou de “terciário avançado”.
A definição de “cidade-global” que ganhou mais força conceitual nos meios acadêmicos de urbanismo, e que se preocupa sobremaneira com as novas configurações espaciais voltadas ao terciário moderno, dando pouca importância – ou nenhuma – às gritantes desigualdades sociais que caracterizam as cidades modernas do mundo subdesenvolvido. Há outras definições, bem mais aceitáveis, dentre as quais a de Milton Santos, para quem a noção de “cidade-global” envolve também os antagonismos da desigualdade e da exclusão associados a essas grandes metrópoles, e que devem ser considerados numa nova dinâmica de espaço e tempo própria justamente aos novos tempos da globalização.
Cidade global (também chamado de cidade mundial) é uma cidade considerada um ponto importante no sistema econômico global. O conceito vem dos estudos urbanos e da geografia e se assenta na ideia de que a globalização criou, facilitou e promulgou locais geográficos estratégicos de acordo com uma hierarquia de importância para o funcionamento do sistema global de finanças e comércio. A mais complexa dessas entidades é a "cidade global", através da qual as relações vinculativas de uma cidade têm efeito direto e tangível sobre assuntos globais através de meios sócio-económicos.
A expressão "cidade global", em oposição à megacidade, foi introduzida por Saskia Sassen, em referência a Londes, Nova York e Tóquio, em sua obra de 1991 "A Cidade Global".

Algumas características básicas de cidades globais são:
  • Familiaridade internacional: uma pessoa diria Paris, e não Paris, França;
  • Influência e ativa participação em eventos internacionais. Por exemplo, a cidade de Nova Iorque sedia a Organização das Nações Unidas, e em Bruxelas se encontram as sedes da Organização do Tratado do Atlântico Norte e da União Europeia;
  • Uma grande população, onde a cidade global é centro de uma área metropolitana de pelo menos um milhão de habitantes, muitas vezes, tendo vários milhões de habitantes;
  • Um aeroporto internacional de grande porte, que serve como base para várias linhas aéreas internacionais;
  • Um sistema avançado e eficiente de transportes. Isto inclui vias expressas, rodovias e transporte público;
  • Sedes de grandes companhias, como conglomerados e multinacionais; Uma bolsa de valores que possua influência na economia mundial;
  • Presença de redes multinacionais e instituições financeiras de grande porte;
  • Infraestrutura avançada de comunicações;
  • Presença de grandes instituições de artes, como museus;
  • Grande influência econômica no mundo.

Cidades Globais

Cidade global (também chamado de cidade mundial) é uma considerada um ponto importante no global. O conceito vem dos e da e se assenta na idéia de que a criou, facilitou e promulgou locais geográficos estratégicos de acordo com uma hierarquia de importância para o funcionamento do sistema global de finanças e comércio. A mais complexa dessas entidades é a "cidade global", através da qual as relações vinculativas de uma cidade têm efeito direto e tangível sobre assuntos globais através de meios sócio-económicos.

A expressão "cidade global", em oposição à megacidade, foi introduzida por Saskia Sassen, em referência a Londres, Nova York e Tóquio, em sua obra de 1991 "A Cidade Global". O termo "cidade mundial" já tinha sido usado por Patrick Geddes, em 1915, para descrever as cidades que controlam uma quantidade desproporcional de datas de negócios globais. Depois dele Peter Hall, em sua obra The World Cities (1966) usou uma série de critérios para definir as cidades que ocupam o topo da hierarquia urbana mundial. Vinte anos depois, John Friedmann lançou The World City Hypothesis e indicou as cidades que comandavam a economia global.

Algumas características básicas de cidades globais são:

  • Familiaridade internacional: uma pessoa diria Paris, e não Paris, França;
  • Influência e ativa participação em eventos internacionais. Por exemplo, a cidade de Nova Iorque sedia a Organização das Nações Unidas, e em Bruxelas se encontram as sedes da Organização do Tratado do Atlântico Norte e da União Europeia;
  • Uma grande população, onde a cidade global é centro de uma área metropolitana de pelo menos um milhão de habitantes, muitas vezes, tendo vários milhões de habitantes;
  • Um aeroporto internacional de grande porte, que serve como base para várias linhas aéreas internacionais;
  • Um sistema avançado e eficiente de transportes. Isto inclui vias expressas, rodovias e transporte público;
  • Sedes de grandes companhias, como conglomerados e multinacionais;
  • Uma bolsa de valores que possua influência na economia mundial;
  • Presença de redes multinacionais e instituições financeiras de grande porte;
  • Infraestrutura avançada de comunicações;
  • Presença de grandes instituições de artes, como museus;
  • Grande influência econômica no mundo.




      A Identidade na Conjuntura da Globalização

      Regionalização e globalização

      06 de abril de 2011 | 0h 00
      Mario Cesar Flores - O Estado de S.Paulo
      Setores brasileiros relutantes à globalização vêm manifestando mais simpatia pela integração regional, em que é naturalmente maior a presença relativa do Brasil. Além de vista como útil ao comércio regional (em tese, é), no qual o Brasil se destaca, a alternativa é entendida também como reforço da região nas negociações em foros globais (como a OMC).
      Os fatos não têm sido assim positivos no Mercosul: a Tarifa Externa Comum e o livre-comércio intrabloco estão longe do idealizado e nas negociações globais não tem havido segurança de convergência regional. Nosso trôpego Mercosul vem funcionando precariamente e funcionará pior se a Venezuela bolivariana nele ingressar de pleno, com suas idiossincrasias e seu antagonismo aos EUA - que não impede ser para os EUA mais da metade de sua exportação de petróleo... Para o comércio regional o ingresso tem potencial positivo, mas a prudência sugere-o inseguro, em razão do poder que a Venezuela terá para tumultuar arranjos extrarregionais, com os EUA e a União Europeia (UE), por exemplo.
      A explicação dos tropeços do Mercosul é simples: uniões econômicas tendem à inconsistência quando são menos produto da conveniência econômica e mais da vontade política visionária. Se os interesses econômicos não se ajustam (quesito do sucesso da visão política, ao menos quando inexiste ameaça estratégica que a justifique) porque as economias são demasiado assimétricas e não complementares, se não competidoras, a inconsistência acaba avançando (para a infraestrutura a proximidade geográfica também é exigida). No Mercosul os quesitos estão atendidos na geografia (o que sugere potencial na infraestrutura, sobretudo na energia) e limitadamente na economia, na qual existem conflitos.
      Nascido geoeconômico nos anos 1980, desde 2003 para o governo brasileiro o Mercosul tem sido mais geopolítico. O que o vem mantendo vivo tem sido menos a lógica econômica e mais a vontade política, sobretudo brasileira. Na política internacional ampla o Mercosul geopolítico faz sentido, mas um sentido até agora frágil na realidade; a esse respeito, uma dúvida instigante: nossos "companheiros" regionais apoiam a pretensão brasileira ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU...? De qualquer forma, porque visto como portador de potencial, seu preço vem sendo pago pelo Brasil, que está longe da opulência dos EUA do Plano Marshall, útil à recuperação da Europa pós-guerra e à defesa contra a URSS.
      Há dificuldades em vários setores, a exemplo do gás boliviano e da energia de Itaipu, mas sobretudo no comércio, em que a Argentina é parceira saliente e difícil, os percalços da interação econômica agravados pela insegurança da vontade política argentina, positiva na infância "Sarney-Alfonsín" do acordo, regular com Menem (com o violento desabafo anti-Brasil do ministro da Economia Domingo Cavallo quando da desvalorização do real em 1999) e negativa com os Kirchner. Em suma, um contexto complexo, em que o Brasil vem sistematicamente cedendo vantagens.
      A Argentina, país com potencial relevante, pode até estar certa no seu protecionismo anti-Brasil. Mas nesse caso vale a pena insistir no Mercosul geopolítico, sob turbulência econômica que inibe sua efetiva realização? Devemos continuar indefinidamente com nosso débil Plano Marshall caboclo, para o qual nos falta fôlego econômico e motivação estratégica? A ideia Mercosul é, portanto, positiva em tese, mas sua tumultuada realidade, hoje sustentada na vontade política, mais a brasileira, não tem correspondido ao ideal de sua criação. E a superação do déficit depende da vontade política também de nossos vizinhos, sujeita a injunções políticas internas e à visão que eles têm do Brasil, como parceiro merecedor de cuidados.
      Além de insatisfatório no desempenho econômico interno, o Mercosul cerceia o Brasil no mundo porque impede acordos bilaterais (Brasil-UE, por exemplo) e a bilateralidade tendo o próprio Mercosul como uma ponta do bilateral (o que seria ótimo) é difícil em razão da dificuldade de conciliar interesses intrabloco. Quão mais difícil será com a Venezuela membro pleno...?
      No mundo contemporâneo não há estanqueidade: acordos regionais, ainda que bem-sucedidos, não dispensam a interação globalizada, haja vista a UE, que procura ampliar seu comércio com o mundo porque precisa de produtos de fora (sobretudo commodities) e também porque o mercado global amplia o dinamismo de sua economia. Os EUA já investem mais na China que no México porque o retorno da China é maior, a despeito da moldura da Nafta e da proximidade do México! Enfim, nenhum país (ou região) pode menoscabar o comércio global, por vezes no pressuposto de que o mercado interno prescindiria do internacional - uma fantasia ou meia-verdade, variável de país para país: os EUA dependem mais do interno, o Japão, do externo. O Brasil, mais do interno, mas o externo já pesa.
      A afirmação do então presidente Lula de que a "onda" da crise de 2008-2009 teria sido uma "marola" aqui porque o mercado interno compensou a retração do externo expressa um caso de meia-verdade: o mercado interno ajudou, mas não seria solução. Além de limitado o poder aquisitivo de parcela ponderável de nossa população, o consumo interno não poderia mesmo compensar a queda da exportação: o que fazer com dezenas de milhões de toneladas de soja se a UE e a China não as importassem? A queda da demanda de aviões, que atingiu a Embraer, teria compensação interna? Nossos parceiros regionais resolveriam isso...? A repercussão teria sido maior com mercado interno menor, mas ocorreria - e nosso PIB caiu 0,3% em 2009.
      Priorizar a regionalização (ou a concepção Sul-Sul, lato sensu) é optar pelo natural destaque no Terceiro Mundo, engajar-se na globalização é optar pelo desejável caminho para o Primeiro Mundo. Nosso desafio é compatibilizar o Mercosul com o imperativo da globalização.
      ALMIRANTE DE ESQUADRA  (REFORMADO)
      http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110406/not_imp702322,0.php

      A globalização associa-se hoje, a um amplo conjunto de transformações, que configuram a passagem para um novo paradigma tecno-econômico. Esse novo padrão tecnológico e produtivo é centrado nas modernas tecnologias de informação e comunicação, que anulam o espaço através do tempo (MASSEY, 2000), revolucionando as relações espaços-temporais e fazendo com que a informação passe a ser “o verdadeiro instrumento de união entre as diversas partes de um território” (SANTOS et al, 1994:17).

      As características mais marcantes desse período são a tendência a homogeneização, expansão das corporações transnacionais e de seu poder de influência, revolução comunicacional e científica, surgimento de blocos econômicos comerciais, hibridização entre culturas locais e de massa universal.

      A globalização afeta a vida de todas as pessoas e países à escala planetária e implica a transformação, não só dos sistemas mundiais, mas também da nossa vida cotidiana afetando a forma como nos vemos e a forma como nos relacionamos com os outros e com os espaços.
      Tal interferência é refletida nos modos de vida e comportamentos humanos influenciados por uma ideologia baseada no consumo e apreendida com base nos meios de comunicação como disseminador das novas necessidades criadas pelas grandes corporações internacionais.

      HALL (1998, p-69) argumenta que a globalização causa um impacto sobre as identidades nacionais, caracterizando-se pela ‘compressão espaço-tempo’, acelerando os processos globais “de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um determinado lugar têm um impacto sobre as pessoas e lugares situados a uma grande distância.”.

      O impacto se apresenta tanto na escala local como na global, porém é no local que há uma maior intensidade da interferência como diz GUPTA e FERGUSON (2000): resultado é que tanto a arena local como as arenas mais amplas se transformam – a local mais do que a global, com certeza –, mas não necessariamente numa direção predeterminada”.

      É nas cidades que podemos notar uma maior intensidade de impactos da globalização, sendo uma das principais associada às relações sociais a partir do comportamento humano.

      A hegemonia do urbano no contexto da globalização compreende aspectos referentes ao papel de cada uma na organização do espaço mundial, além de influenciar diretamente nas características do rural.

      As cidades passam a ser o ponto de controle das ações e ordens a serem executadas.

      Explicando do ponto de vista das telecomunicações CLAVAL (1976) elucida:
      A gênese dos sistemas de comunicação contemporâneos permite ver isso de maneira clara: para que uma rede telefônica funcione eficazmente e sem custo excessivo, é preciso que cada assinante seja conectado diretamente a uma central telefônica – diz-se ainda um “referencial”.

      Seria pela presença das centrais de todos os tipos que o urbano ganha status, força e se hierarquizando aumentaria a sua complexidade. “A revolução dos transportes modernos e das telecomunicações está transtornando a trama das cidades e a hierarquia das redes urbanas” (CLAVAL, 2008, P-35).

      A rede urbana é afetada pela globalização através do surgimento de novas criações urbanas como também pela refuncionalização de centros preexistentes.

      As metrópoles exercem o papel de liderança na hierarquia urbana mundial, devido à presença dos pontos de controle da sociedade, já as médias e pequenas são responsáveis principalmente pelo recebimento das ordens e consumo das mercadorias produzidas.

      Há a necessidade da existência dos pequenos e médios centros para a reprodução das necessidades capitalistas como nos diz CORRÊA, (1999, p-45):

      A elevada ocorrência de pequenos centros deriva, de um lado, de uma necessária economia de mercado, por mais incipiente que seja, geradora de trocas fundamentais em uma mínima divisão territorial do trabalho. De outro, deriva de elevadas densidades demográficas associadas a uma estrutura agrária calcada no pequeno estabelecimento rural ou em plantations caracterizadas pelo trabalho intensivo.

      Assim como no campo econômico, no social há uma pluralidade a partir da complexidade das cidades delineadas a partir da maneira como se situam as reflexões sobre os impactos da globalização no urbano.

      CARLOS faz uma análise do lugar na cidade de São Paulo, maior metrópole do país, notadamente com propriedade, demonstrando aspectos marcantes a respeito do comportamento dos seus habitantes.

      As pessoas passam na rua, umas pelas outras, sem se ver, ninguém parece ser especialmente notado. O cidadão parece passar despercebido na multidão de rostos preocupados ou mesmo sem expressão, perdidos no burburinho de vozes e sons indistintos. O constante ir e vir das pessoas acontece sem que elas deixem rastros aparentes... (2007, p-75).

      Tais características, por vezes, não se aplicam em determinadas cidades como nas médias ou pequenas, ou até mesmo em bairros dentro da metrópole. Por isso é preciso tomar a análise de maneira cuidadosa.

      É preciso compreender as cidades a partir das redes e verificando os aspectos que marcam a diferenciação das metrópoles das outras aglomerações urbanas. As redes representam o fio condutor das estratégias engendradas a partir dos centros de comando no interior das metrópoles.

      A partir das redes de comunicação podemos interpretar parte os fenômenos urbanos, mas devemos considerar outros aspectos importantes que foram negligenciados por parte da ciência.

      É a partir da análise dos processos de comunicação que é possível interpretar as formas construídas, sua densidade mais ou menos forte e os diferentes aspectos que revestem a nodalidade. O desenho das ruas, a concepção das construções, seu significado extravasam evidentemente de uma explicação única da comunicação. Convém portanto, analisar também os ritmos de vida da cidade, de descrever sua existência no cotidiano e de evocar sua fisionomia durante o fim-de-semana e suas transformações no momento das festas. Um lugar deve igualmente ser dado aos urbanistas e idealizadores da cidade e à experiência vivida por cada um (CLAVAL, 1981).
      

      Trecho do filme "Por uma outra Globalização", Milton Santos



      "Essa globalização não vai durar. Primeiro, ela não é a única
      possível. Segundo, não vai durar como está porque como está é
      monstruosa, perversa. Não vai durar porque não tem finalidade."
      Milton Santos

      O mundo atravessa um momento complexo, com características únicas nunca vistas na história. Esse fenômeno é conhecido por globalização e tende ao aprofundamento das relações econômica, cultural, social e política. As conseqüências são sentidas em todas as áreas da sociedade, rapidez nos deslocamentos, aumento no comércio internacional, nas comunicações, nas relações sociais, etc.

      O estreitamento das relações gera homogeneidade e ao mesmo tempo movimentos de heterogeneidade, ou seja, no mundo em que tudo tende a ser igual, surge como contraponto a força da diferença.

      É possível notar essa diferenciação no interior das cidades modernas analisando o mundo vivido, do cotidiano. A diferença produz a especificidade do lugar a partir produção local do espaço geográfico no contexto urbano. 

      No livro Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal, Milton Santos observa a globalização sob três óticas: como fábula, perversidade e possibilidade para o futuro. A fábula é propagada por Estados e empresas, que colocam a globalização como fato inevitável. A imposição desse "pensamento único" naturaliza o caráter perverso do fenômeno e constitui o que Milton chamava "violência da informação". A perversidade da globalização se revela na medida em que seus benefícios não atingem sequer um quarto da população mundial, ao custo da pauperização de continentes inteiros. Vista como possibilidade para o futuro, ela passaria a empregar as técnicas de forma mais solidária, de modo a derrubar o globalitarismo -- termo cunhado por Milton que agrega ao conceito de globalização a noção de totalitarismo.

      Milton acreditava que os pobres seriam o agente político dessa nova globalização, sobretudo nas cidades onde há pessoas de todos os tipos e intenso debate. Os pobres passam pela experiência da escassez, conceito resgatado do escritor francês Jean-Paul Sartre: o mundo dos objetos se amplia e o pobre descobre que jamais vai possuí-los. A classe média se acomoda com o conforto do consumo -- que substitui a cidadania e amortece a opinião pública --, mas já experimenta a escassez. Como possui maior instrução, pode vir a deflagrar o movimento social que transformaria a globalização.

      A globalização é o momento da ocupação do território brasileiro que mais acentuou as desigualdades sociais e as diferenças regionais brasileiras. A concentração do meio técnico-científico-informacional dificulta o acesso a bens e serviços e gera vazios de consumo representados pela pobreza, sobretudo urbana, que reúne todo o conteúdo explosivo do território hoje.